sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Conceitos Básicos da Teoria do Treinamento

  A teoria do condicionamento de força faz parte de um amplo campo de conhecimento, a ciência do treinamento com atletas, também denominada ciência do treinamento ou teoria do treinamento desportivo. Os cursos de ciência do treinamento se ocupam dos principais componentes da preparação do atleta, incluindo o condicionamento físico (não somente para força, mas também para a velocidade, resistência aeróbica, flexibilidade e outras capacidades motoras), o aprendizado da técnica esportiva e a periodização, ou seja, variação do programa de treinamento em um período.

   Adaptação Como principal lei do treinamento 

   A palavra adaptação significa o ajustamento de um organismo ao seu meio ambiente. Se o meio ambiente muda, o organismo se modifica para viver melhor sob as novas condições. Na Biologia, a adaptação é considerada umas das principais leis das espécies vivas.
  O trabalho físico regular, ou exercício, é um estímulo muito importante para a adaptação. O principal objetivo em um treinamento é a indução a adaptações específicas com o intuito de melhorar os resultados da performance esportiva. Isso requer a adoção de um programa de treinamento planejado e cuidadosamente executado. A partir deste ponto de vista prático, as quatros seguintes características do processo de adaptação assumem uma importância primária para o treinamento esportivo:

1- Magnitude do estímulo (sobrecarga)
2- Acomodação
3- Especificidade
4- Individualidade

 Efeitos imediatos e retardados do treinamento

   Imediatamento após uma sessão de treinamento, o desempenho em geral piora por causa da fadiga. Ninguém espera ficar mais forte após um sessão de flexões de braços ou uma única sessão de treinamento. Assim, por que múltiplas sessões de treino acabam por melhorar o desempenho? A melhora ocorre porque o corpo se adapta à carga de treino.

 Sobrecarga

   Para induzir mudanças positivas no estado de um atleta, é necessário utilizar um exercício com sobrecarga.
   A adaptação do treinamento é adequada somente se a magnitude da sobrecarga de treinamento for maior do que o nível habitual.
   Durante o processo de treinamento, existem duas formas para induzir a adaptação. Uma é elevar a sobrecarga de treinamento (intensidade, volume) e continuar a empregar os mesmos exercícios, como, por exemplo, corrida de resistência. A outra é mudar os exercícios, estando ciente de que o exercício é novo e o atleta não está acostumado com ele.
  Se um atleta faz exercícios-padrão com a mesma sobrecarga de treinamento durante um longo período de tempo, não existirão adaptações adicionais e o seu nível de capacidade física não irá mudar substancialmente. Se a carga de treinamento é muito baixa, ocorre o destreinamento. Em atletas de elite, muitas melhoras alcançadas por meio do treinamento são perdidas dentro de algumas semanas, ou mesmo dias, se um atleta para de se exercitar.
  Durante o período de competição, os atletas de elite não podem se dar ao luxo de ter repouso passivo por mais de três dias (em geral, utilizam um ou dois dias).
 
   As sobrecargas de treinamento são classificadas de acordo com a sua magnitude como:

- estimulante: a magnitude da sobrecarga de treinamento é maior que o nível neutro e a adaptação positiva pode ocorrer;

- manutenção: a magnitude está na zona neutra, na qual o nível de condicionamento é mantido;

- destreinamento: a magnitude da carga leva a um decréscimo na performance, nas capacidades funcionais do atleta ou em ambos.

   A necessidade de um incremento constante da sobrecarga de treinamento, considerada primordial para uma adaptação positiva, leva ao treinamento progressivo de força: quando os níveis de força aumentam, cargas maiores de treinos são usadas. Como a preparação de atletas de elite requer de 8 a 12 anos, o treinamento progressivo de força exige programas de treinamento extremamente exigentes. A sobrecarga de treinamento do atleta de elite é aproximadamente 10 vezes maior que a de iniciantes com 6 meses de experiência de treinamento.

 Acomodação

   Se os atletas empregam um mesmo exercício com a mesma sobrecarga de treinamento durante um período muito longo, existe um decréscimo nos ganhos de desempenho. Está é uma manifestação da lei biológica da acomodação, freqüentemente considerada uma lei geral da Biologia. De acordo com está lei, a resposta de um determinado objeto biológico a um dado estímulo costante diminui ao longo do tempo. Por definição, acomodação é um decréscimo da resposta de um objeto biológico a um estímulo continuado. Com um aumento no volume ou na duração do treino, a magnitude das adaptações diminui - este é o princípio da diminuição dos resultados. Em atletas iniciantes, cargas de treino relativamente pequenas podem levar a grandes aumentos de desempenho, enquanto em atletas com experiência de muitos anos, ou com rotinas pesadas de treinamento, podem não resultar em alterações de performance. Existem dois meios para modificar os programas de treinamento:

- Quantitativo - mudança da sobrecarga de treinamento (por exemplo, a quantidade total de peso levantado);

- Qualitativo - troca dos exercícios.

   Mudanças qualitativas são amplamente utilizadas no treinamento de atletas de elite, ao menos pelos mais criativos.

 Especificidade

   As adaptações no treinamento são altamente específicas. Devido à especificidade, os exercícios de treinamento para os vários esportes são diferentes. A especificidade pode ser descrita, de uma forma, como uma questão de transferência dos resultados de treinamento. A especificidade da adaptação aumenta com o nível da capacidade esportiva. Quanto mais alto o condicionamento físico de um atleta, mais específicas são as adaptações. A transferência do ganho de treinamento é baixa em bons atletas; para iniciantes, quase todos os exercícios são úteis.

 Individualização

   Todas as pessoas são diferentes. O mesmo exercício ou método de treinamento provoca efeito maior ou menor em atletas diferentes. De todo um protocolo de treinamento, apenas as idéias gerais são válidas para novos programas, e essas devem ser entendidas e empregadas com criatividade. A individualização do treinamento otimizará os resultados e facilitará a adaptação prevista no protocolo de treinamento.

 Teorias Gerais de Treinamento

   Teorias gerais de treinamento são modelos muito simples, que técnicos e especialistas utilizam amplamente para resolver problemas práticos. Estes modelos contêm apenas as características mais essenciais do treinamento esportivo e omitem diversas outras. Consistem no conceito mais geral de treinamento, onde técnicos e atletas as utilizam especialmente para o condicionamento físico e também para o planejamento dos programas de treinamento.

 Teoria de um Fator (Teoria da Supercompensação)

   Fundamenta-se onde o efeito imediato de treinamento de uma sessão é avaliado por meio da depleção de certas substâncias bioquímicas. Existem evidências na literatura relativa ao exercício e à ciência do esporte de que certas substâncias se exaurem como resultado de sessões de treinamento extenuantes. O exemplo mas conhecido é da depleção do glicogênio após um exercício anaeróbio intenso.

   Após um período de restauração, acredita-se que a concentração das substâncias bioquímicas analisadas eleva-se acima da concentração inicial. Isso é denominado supercompensação, e o período em que ocorre a elevação de quantidade de uma substância é denominado fase de supercompensação.

    Intervalos de repouso curtos entre os treinamentos diminui o nível do atleta. Se os intervalos de repouso forem adequados, e a sessão de treinamento seguinte for durante a fase de supercompensação, o nível de preparação do atleta melhora. Porém, se os intervalos de repouso forem longos entre as sessões de treinamento, o atleta não obterá melhoras em sua capacidade física.

   Conforme foi citado acima, é de grande importância saber identificar o tempo correto de intervalos de repouso entre as sessões de treinamento. Sabendo disso, podemos afirmar que intervalos muito curtos ou muito longos prejudicam os ganhos obtidos pelo atleta durante a fase de supercompensação, e, em vez disso, procurar ter um intervalo de recuperação ótimo entre as sessões sucessivas de treinamento, juntamente com uma sobrecarga ótima para cada sessão de treinamento.

 Teoria de Treinamento de Dois Fatores (Teoria da Fadiga-Condicionamento)

  É mais sofisticada que a teoria da supercompensação. Consiste na ideia de que a preparação, conforme o potencial de desempenho esportivo dos atletas, não é estável, mas varia com o tempo.          Existem dois componentes na preparação do atleta: os que se modificam lentamente e aqueles que se modificam rapidamente. O termo condicionamento físico é utilizado para os componentes motores que se modificam lentamente. O condicionamento físico não varia substancialmente em minutos, horas ou mesmos dias. Porém, devido a fadiga, stress psicológico ou de uma doença súbita, como resfriado, a disposição de um atleta diante uma competição pode variar rapidamente. De acordo com a teoria de dois fatores, o efeito imediato de treinamento após a sessão de treinamento é uma combinação de dois processos:

- Ganho em condicionamento físico incitado pela sessão de treinamento;

- Fadiga

Após uma sessão de treinamento, a preparação de um atleta:

- melhora em razão do ganho em condição física; porém

- sofre um decréscimo em razão da fadiga.

   O ganho de condicionamento físico resultante de uma sessão de treinamento deve ser moderado em magnitude, mas de longa duração. O efeito da fadiga é maior do que a magnitude do ganho em condição física, mas relativamente mais curto.

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